A imunologia é a área médica responsável pelo estudo do sistema imunológico do corpo, que envolve células, tecidos, e mediadores químicos que respondem à presença de agentes estranhos, a fim de combatê-los protegendo o corpo. O papel do médico imunologista é entender os processos de defesa do corpo, diagnosticando, tratando e prevenindo doenças relacionadas a esses processos.
As doenças alérgicas atualmente afetam mais de 20% da população brasileira e é uma importante causa das doenças crônicas no mundo. Para muitos pacientes com doenças alérgicas, sejam respiratórias ou sistêmicas, o apoio do imunologista é a solução para o manejo de sua doença, na prevenção de morbidade e mortalidade. No post de hoje, você vai saber como o imunologista pode contribuir para a saúde das pessoas. Confira na leitura à seguir!
O que é imunologia?
Como a própria denominação remete, a imunologia é uma ciência responsável pelo estudo de todos os aspectos do sistema imunológico, fundamental para a manutenção da vida humana defendendo o corpo contra doenças que o atacam, atuando no combate às células que sofrem alterações, como um vigilante imunológico.
O sistema imunológico também é conhecido como sistema imune, formado por células, tecidos, órgãos e moléculas aplicadas para lidar com os agentes estranhos. Dessa forma, a imunologia é a área médica com foco no funcionamento fisiológico do sistema imunológico em estado sadio ou não, suas desordens imunológicas com doenças autoimunes, imunodeficiências, rejeição de transplantes, e outros.
O sistema imune pode ser classificado como o conjunto de células, órgãos, tecidos e moléculas presentes em seres vivos para a eliminação de vírus, bactérias, parasitas, e outros agentes estranhos.
Esse sistema apresenta dois tipos de defesa: imunidade celular e imunidade humoral. A imunidade celular refere-se às defesas realizadas de forma direta pelos linfócitos T matadores. Já a imunidade humoral refere-se às defesas que envolvem anticorpos específicos produzidos pelos linfócitos B maduros, presentes no plasma sanguíneo.
Quando o sistema imunológico apresenta falhas, é comum que o paciente apresente problemas, sendo os mais comuns quadros de infecção desencadeados por uma série de fatores.
Antígenos X anticorpos
Para compreender melhor a especialidade de um médico imunologista, é importante conhecer os conceitos de antígenos e anticorpos, visto que, o sistema imune baseia-se nessa relação de modo geral.
Antígenos (Ag)
Os antígenos são todas substâncias que, ao entrarem em um organismo, são capazes de ligarem-se aos anticorpos ou aos receptores da célula B. Em geral, inicia-se nesse momento uma resposta imune que ativa os linfócitos que, por sua vez, multiplicam-se e mandam sinais responsáveis por ativar outras respostas imunológicas adequadas ao invasor.
Em outras palavras, os antígenos são uma variedade de substâncias estranhas ao corpo humano, que podem abranger vírus, bactérias, moléculas e proteínas.
Anticorpo (Ac)
Conhecidos também por imunoglobulinas, os anticorpos têm como função reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para eliminá-los do organismo. Produzidos pelos linfócitos B, possuem capacidade de inativar substâncias estranhas no corpo.
Enquanto ciência, a imunologia é a especialidade que estuda os antígenos e as doenças que eles podem causar. O imunologista é o médico responsável por tratar os efeitos desses antígenos no corpo, indicando prevenções e tratamentos para as doenças que esses corpos estranhos são capazes de ocasionar.
O papel da imunologia
Sendo a ciência que estuda respostas do organismo ao ambiente e mantém o equilíbrio geral do organismo desde o início de seu desenvolvimento até a fase adulta, a imunologia ainda cuida de problemas em elementos do sistema imunológico que podem ter consequências para a saúde das pessoas.
O primeiro imunologista famoso segundo relatos de outros médicos, foi o médico inglês Edward Jenner, responsável por perceber que as pessoas que entravam em contato com gado contaminado com varíola, apresentavam uma forma atenuada da doença.
Há relatos da época de que em 60% das pessoas que contraíram varíola, 20% morriam. O imunologista coletou secreções de uma lesão de uma mulher infectada pela varíola adquirida no contato com o gado, e a partir daí inoculou-o em outra pessoa. Esse foi o primeiro relato formal de um processo de vacinação, e ocorreu em 1796.
Com o desenvolvimento de diversas outras vacinas ao longo do período, doenças como a varíola, tétano, difteria, poliomielite e sarampo foram praticamente erradicadas. Atualmente, o desenvolvimento de vacinas continua sendo um importante campo para a saúde, já que novas doenças continuam a aparecer, como é o caso da COVID-19, causada pelo novo coronavírus.
Contudo, no Brasil, algumas doenças que estavam controladas pela ação da vacina voltaram a se espalhar pela falta de responsabilidade da população e movimentos antivacina, como é o caso do sarampo e febre amarela.
Além de vacinas, a imunologia tem gerado informações importantes sobre doenças podem ser melhor tratadas com os conhecimentos obtidos. Doenças autoimunes, em que o sistema imune falha no diferenciamento dos alvos que devem ou não ser atacados, como a artrite reumatoide e o lúpus eritematoso, podem ser tratados com diferentes formas de terapia graças a pesquisas que levaram o conhecimento dessas doenças a fundo.
Por sua vez, as imunodeficiências primárias, quando o sistema imune tem defeitos de resposta congênito, podem ser identificadas logo no nascimento, graças a testes desenvolvidos por meio de estudos de diversos laboratórios de pesquisa imunológica no mundo todo.
As imunodeficiências adquiridas, doenças que o paciente adquire ao longo da vida, seja por idade, infecção viral ou iatrogenia, são beneficiadas pelos estudos da imunologia diariamente. Compreender os mecanismos das diferentes doenças é essencial para melhorar o manejo e atendimento desses pacientes.
Estudos de imunologia relacionados à transplantes, levaram a compreensão sobre a diferença genética entre indivíduos da mesma espécie que levam à rejeição de um órgão transplantado para outro indivíduo.
A rejeição de um transplante ocorre quando o sistema imunológico do receptor reconhece o tecido do doador como um corpo estranho. Contudo, com os conhecimentos adquiridos sobre os mecanismo de rejeição de transplantes, é possível estudar marcadores genéticos entre os doadores e receptores, permitindo sucesso nos procedimentos além do desenvolvimento dos medicamentos que podem permitir que o órgão não seja rejeitado.
Muitas pesquisas imunológicas resultaram no desenvolvimento de imunoterapias efetivas contra o câncer.
Essa nova terapêutica mostrou que o sistema imune dos pacientes com câncer conseguem reconhecer as células cancerígenas, contudo, ainda existem mecanismos de tolerância e controle que impedem que os paciente respondam contra os tumores, freando a resposta imune nos pacientes oncológicos. Os novos imunoterápicos conseguem eliminar esse freio, permitindo que as respostas do paciente controlem o crescimento dos tumores.
O que faz o médico imunologista
O médico imunologista estuda, diagnostica, trata e previne as doenças autoimunes, causadas pelo próprio sistema imune quando não reconhece as células de determinado órgão. Além disso, estuda o sistema imunológico assim como os fatores ambientais que interferem em seu funcionamento, provocando as doenças autoimunes, alergias graves e infecções por repetição.
Ao se especializar em imunologia, o profissional pode atuar em pesquisas acadêmicas em universidades e outras organizações, pesquisas na área da saúde, análises clínicas em hospitais privados, públicos, ou mesmo atuar em seu próprio consultório.
A especialização do médico imunologista muitas vezes recebe também outras titulações, como alergista ou alergologista. A formação para especializar-se dura em média dois anos para estar apto a atuar na área como especialista, na execução de procedimentos, exames, diagnósticos e tratamento das condições de um paciente com problemas imunológicos.
Entre os procedimentos mais comuns realizados pelo imunologista, estão testes de alergias, testes de broncoprovocação, imunoterapia com alérgenos inalantes, testes cutâneos de hipersensibilidade tardia, avaliação da competência imunológica, manejo de condições clínicas crônicas, e outros.
Doenças e exames tratados pelo médico imunologista
Para realizar o diagnóstico correto e detectar as doenças imunológicas, o médico imunologista pode solicitar uma série de exames ao paciente após a consulta. Afinal, é somente por meio de hemogramas (exames de sangue) que o profissional pode observar as seguintes questões:
- presença de inflamação no organismo que possa sugerir uma doença imunológica;
- determinar a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue;
- testar a velocidade desses glóbulos vermelhos;
- detectar anticorpos antinucleares, presentes em doenças autoimunes.
O imunologista é o especialista treinado para investigar além das doenças autoimunes, patologias alérgicas, como a asma. Por se tornar um profissional da área, o médico deve completar diferentes treinamentos para elevar seus conhecimentos e melhorar a qualidade e atendimento de seus pacientes. Assim, o imunologista torna-se o profissional mais qualificado para manejar de forma eficaz as necessidades abrangentes de pacientes também com doenças alérgicas.
Em seu treinamento em relação à diagnóstico, tratamento e prevenção, o imunologista visa o tratamento de problemas relacionado ao sistema imune além de doenças autoimunes e alérgicas, as deficiências congênitas, e as imunodeficiências adquiridas, como a AIDS.
Ao contrário de um comum resfriado, a doença alérgica não será passageira pela qual o pacientes passará ileso. A ajuda de um especialista treinado pode reduzir a frequência de crises que obrigam o paciente a ficar em casa, faltando à escola, trabalho, e privando-se do convívio social devido aos sintomas alérgicos.
Alguns estudos mostram que os pacientes acompanhados pelos imunologistas também apresentam menores necessidades de procurar atendimento de urgência, em pronto-socorro, além de desenvolverem maior capacidade de lidar com sua doença alérgica no cotidiano. Entre as doenças tratadas pelo médico imunologista, estão:
- lúpus eritematoso;
- diabetes tipo 1;
- artrite reumatoide;
- doenças alérgicas;
- esclerose múltipla;
- doença de Crohn;
- doença Celíaca;
- espondilite anquilosante;
- vasculite;
- alopécia, e outras.
Quando é a hora de consultar um imunologista
As doenças do sistema imunológico nem sempre são detectadas inicialmente sem a consulta médica. Isso acontece porque seus sintomas são variados e pode ser confundidos com outras patologias, não deixando claro ao paciente qual especialista deve procurar.
Na dúvida, recomenda-se procurar um clínico geral que possa apontar um especialista como o imunologista, a fim de realizar o diagnóstico específico. Caso já possua algum problema relacionado ao sistema imune, o imunologista é o médico adequado para o tratamento. No entanto, fique sempre atento aos seguintes sintomas que podem indicar problemas imunológicos:
- alergias respiratórias constantes;
- coceiras intensas e prolongadas na pele;
- erupções na pele;
- dermatites;
- infecções frequentes;
- coceira nos olhos;
- abcessos;
- pneumonias;
- doenças causadas por vírus e fungos;
- diarréias crônicas;
- estomatites;
- asma grave;
- otites frequentes;
- reações alérgicas, e outros.
Se você possui algum problema com seu sistema imunológico ou histórico familiar, então pode ser proativo e buscar diretamente o apoio de um imunologista, que será o médico mais indicado para tratar desse tipo de patologia.
Devemos lembrar que cada organismo é único, e por esse motivo, as reações e sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Agora que você já sabe o que um médico imunologista pode fazer pela sua saúde, não hesite em procurar um profissional qualificado para consultar-se em caso de anormalidade com a saúde.
Essas informações foram úteis para você? Então, conheça também as principais doenças do sistema imunológico!