Para garantir a imunização completa do organismo, muitas doenças podem ser prevenidas por meio de agentes imunizantes, ou seja, pela vacina. Contudo, ao deixar de receber o reforço das vacinas quando necessário, essa proteção corre sério risco. A seguir, entenda a importância das doses de reforço e confira se sua vacinação está em dia!
A importância das vacinas
O desenvolvimento das vacinas é um dos maiores avanços da ciência. O imunizante visa fortalecer o sistema imunológico do organismo, estimulando a produção de anticorpos que possam combater agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e evitando assim o adoecimento.
A vacina também é importante para a saúde pública. Afinal, ao prevenir a disseminação de doenças, ajuda a impedir epidemias. Por esse motivo, a vacinação é uma ação que contribui para fortalecer a resposta imune de um indivíduo e também de toda a sociedade.
A importância das doses de reforço das vacinas
Para garantir a imunização completa do organismo, é importante que a carteira de vacinação esteja sempre atualizada. Contudo, essa é uma tarefa que pode ser complexa para algumas pessoas.
A maioria das pessoas se preocupa com a vacinação no início da vida, pois do nascimento até os primeiros cinco anos, o sistema imunológico está começando a desenvolver sua proteção, e as doenças infecciosas se tornam mais perigosas.
Nos primeiros anos são aplicadas doses da imunização primária. Ou seja, são realizadas vacinas que vão apresentar os vírus e bactérias ao sistema imune. A partir daí serão desenvolvidos anticorpos que vão permanecer na memória imunológica.
Ao ser acionada, essa memória imunológica será responsável por provocar uma nova produção de anticorpos para combater aquela infecção. No entanto, com o passar dos anos, é muito comum que essa preocupação com a imunização seja deixada de lado.
Como a maioria das campanhas de conscientização são voltadas para a imunização em crianças e idosos, muitas pessoas não sabem que adolescentes e adultos precisam de novas vacinas, assim como as doses de reforço das vacinas.
Também é comum que o reforço seja confundido com vacinas de múltiplas doses. Entretanto, cada imunização tem um efeito diferente, por isso, algumas vacinas precisam de mais doses para estabelecer a quantidade ideal de anticorpos no organismo.
Algumas doses de reforço das vacinas podem ser necessárias apenas alguns meses após a aplicação da dose primária, outras podem ser necessárias somente depois de alguns anos, como a tríplice bacteriana, que exige reforço a cada 10 anos.
Por isso, é importante entender que a imunização que garante a prevenção de doenças só é efetiva com o reforço das vacinas. Sem essa dose, não é possível assegurar que o sistema imune produz anticorpos suficientes para gerar proteção contra o microorganismo causador da doença.
A dose de reforço das vacinas garante que o corpo tenha anticorpos necessários ao longo da vida, de forma a combater diferentes doenças infecciosas. Por isso, o calendário de vacinação é desenvolvido de acordo com faixa etária.
A memória imunológica é a capacidade que o sistema imune tem de reconhecer os agentes infecciosos que já foram combatidos pelo corpo, ativando a proteção necessária contra eles.
Em algumas situações, a memória imunológica é eficaz o suficiente para não permitir que a pessoa tenha determinada doença mais de uma vez, como no sarampo ou catapora, por exemplo, doenças que só se manifestam uma vez na vida.
No entanto, nem todas as infecções e vacinas são capazes de gerar proteção definitiva, ou seja, por toda vida. Isso pode acontecer pela falta de estímulo suficiente para a produção de memória imunológica ou, porque em alguns casos, a memória não é suficiente para manter a proteção a longo prazo. Alguns casos em que isso acontece são de doenças como tétano, coqueluche e difteria.
Por esse motivo, algumas vezes é preciso tomar doses de reforço das vacinas para manter a imunização. De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a memória imunológica é dada por células especiais chamadas linfócitos B.
Essas são as células que guardam os registros dos anticorpos, essencial para sua produção. Dessa forma, cada vez que o organismo é exposto ao mesmo agente que já foi apresentado uma vez, células especiais informam os linfócitos B, desencadeando a resposta da receita já pronta para fazer os anticorpos.
Todas as vacinas possuem reforço?
Nem todas. Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o reforço das vacinas é necessário somente em alguns casos, para permitir a produção dos anticorpos de longa vida, desenvolvendo a memória das células.
Assim, o corpo fica instruído para combater o organismo causador da doença específica, reforçando a memória imunológica para o combater rapidamente em uma exposição futura. O que define a resposta induzida pelas diferentes vacinas, e a necessidade de doses de reforço, é o tipo de imunização.
Algumas vacinas são altamente imunogênicas, isto é, despertam uma resposta imune muito resistente, com a presença de uma célula de memória muito importante. Essas são vacinas que com uma ou com duas doses pode imunizar o organismo para toda a vida.
De forma geral, esses imunizantes são feitos com vírus vivos atenuados, imitando a infecção natural. Contudo, nem todas as vacinas podem ser produzidas dessa maneira. De acordo com a doença, é preciso utilizar fragmentos e pedaços do vírus ou da bactéria. Em casos como estes, a resposta imunológica induzida é mais curta. Dessa forma, para manter uma proteção por longo período, é necessário realizar o reforço das vacinas.
Vacina na primeira infância
Já nas primeiras semanas o bebê deve receber as imunizações que previnem contra as formas mais graves de tuberculose (meningite tuberculosa e tuberculose miliar) e também contra a hepatite B.
Da mesma forma, ao longo dos primeiros anos de vida da criança são necessárias outras vacinas para garantir um crescimento saudável e livre de infecções. Para isso, é preciso não só saber como fazer a carteira de vacinação, mas também mantê-la atualizada de acordo com o calendário vacinal.
As crianças adequadamente vacinadas se tornam mais resistentes a uma série de doenças potencialmente graves. Isso torna a população mais forte, saudável e menos suscetível a enfermidades como a hepatite e as meningites bacterianas.
Por meio de programas de imunização no Brasil, foi possível erradicar a varíola e a poliomielite. E o momento atual da medicina é bastante promissor, visto que novas vacinas podem minimizar a ocorrência de alguns tipos específicos de câncer, como o de colo de útero, por exemplo.
Por isso, a prevenção não tem idade e deve começar desde os primeiros dias de vida da criança, afinal, você viu como é fácil fazer carteira de vacinação. A vacinação é importante em todas as fases, para garantir mais saúde e melhor qualidade de vida. Conheça as principais vacinas da carteira de vacinação das crianças e adolescentes.
Recém-nascidos prematuros
Em recém-nascidos com peso inferior a 2.000 g ou idade gestacional menor que 33 semanas, sendo a primeira dose nas primeiras 12 horas de vida.
- Rotavírus: Vacinar na idade cronológica, iniciando aos 2 meses de vida e realizando as doses de reforço de acordo com o fabricante.
- Tríplice Bacteriana (Difteria, tétano e Acelular): esquema vacinal 2, 4, 6 e 15 meses.
Para RNs prematuros, hospitalizados ou não, utilizar preferencialmente vacinas acelulares.
- Haemophilus influenzae b: vacinar na idade cronológica, iniciando aos 2 meses de vida e seguir esquema de doses 2, 4, 6 e 15 meses.
- Poliomielite inativada: seguir esquema vacinal 2, 4, 6 e 15 meses. Preferencialmente vacinas combinadas como a Hexavalente ou Pentavalente.
- Pneumocócica conjugada: seguir esquema vacinal 2, 4, 6, 12 e 18 meses.
- Meningocócicas ACWY e B: seguir esquema vacinal 3, 5, 12 e 15 meses.
- Influenza: Iniciar a partir dos 6 meses de vida. Duas doses com intervalo de 30 dias entre elas.
Crianças
- BCG: dose única ao nascer.
- Hepatite B: ao nascer, aos 2 e aos 6 meses.
- Tríplice bacteriana acelular: aos 2, 4, 6 e 15 meses. Dose de reforço entre 4 e 6 anos.
- Haemophilus influenzae b: aos 2, 4, 6 e 15 meses.
- Poliomielite: aos 2, 4, 6 e 15 meses. Dose de reforço entre 4 e 6 anos.
- Rotavírus: duas ou 3 doses de acordo com o fabricante entre 2 e 7 meses e 29 dias.
- Pneumocócica conjugada: aos 2, 4, 6 e entre 12 e 15 meses.
- Meningocócica ACWY: aos 3 e 5 meses, e entre 12 e 15 meses.
- Meningocócica B: aos 3 e 5 meses, e reforço no segundo ano de vida.
- Influenza: dose anual a partir dos 6 meses (se for primeira dose, intervalo de 30 dias).
- Hepatite A: duas doses, aos 12 e 18 meses.
- Tríplice viral: duas doses, aos 12 meses e entre 15 e 18 meses.
- Varicela: duas doses, aos 12 meses e entre 15 e 18 meses.
- HPV: 2 doses a partir dos 14 anos (0 a 6 meses).
- Dengue: 3 doses a partir dos 9 anos (0 a 6 meses).
- Febre-amarela: aos 9 meses, e reforço aos 4 anos.
Adolescentes
- Tríplice Viral: É considerado protegido o adolescente que tenha recebido 2 doses acima de 1 ano, e com intervalo mínimo de um mês entre elas. Se não houver histórico de vacinação, realizar duas doses da vacina.
- Hepatites A, B ou A e B conjugadas:
- Hepatite A: duas doses, no esquema 0 a 6 meses.
- Hepatite B: três doses, esquema 0, 1 e 6 meses.
- Hepatite A e B: para menores de 16 anos, duas doses, 0 e 6 meses. A partir de 16 anos, três doses aos 0, 1 e 6 meses.
- HPV: se não iniciado o esquema de vacinação aos 14 anos, a vacina HPV deve ser aplicada o mais precocemente possível. O esquema de vacinação para meninos e meninas é de duas doses: 0 e 6 meses com a Quadrivalente e 0, 1 e 6 meses com a Bivalente.
- Tríplice Bacteriana: Com esquema de vacinação básico completo: dose de reforço a cada 10 anos após a última dose. Com esquema de vacinação básico incompleto: uma dose de DTPA a qualquer momento e completar a vacinação com uma ou duas doses de dT (dupla adulto) de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico.
- Varicela: 2 doses. Para menores de 13 anos, intervalo de 3 meses. A partir de 13 anos, intervalo de 1 a 2 meses.
- Influenza: Dose única anual.
- Meningocócica ACWY: para não vacinados na infância, 2 doses com intervalo de 5 anos. Para vacinados na infância, reforço aos 11 anos ou 5 anos após o último reforço da infância.
- Meningocócica B: duas doses com intervalo de 60 dias.
- Febre-amarela: uma dose para residentes ou viajantes para áreas com recomendação de vacinação. Vacinar pelo menos 10 dias antes da viagem.
- Dengue: Três doses com intervalo de 6 meses entre as doses.
Vacina na vida adulta
As vacinas têm papel fundamental no fortalecimento do sistema imunológico. Os imunizantes conduzem o sistema para que aprenda a resposta às infecções por meio de anticorpos. Desse modo, é possível garantir a segurança por meio da imunização. Confira as vacinas indicadas para gestantes, idade adulta e terceira idade.
Gestante
- Tríplice bacteriana: gestante previamente vacinada: uma dose de dTpa entre a 20° e 36° semana de gestação.
- Gestante com vacinação incompleta, tendo recebido apenas 1 dose do componente tetânico: uma dose de dT e uma dose de dtpa, sendo que a dtpa deve ser aplicada entre a 20° e 36° semana da gestação. É preciso respeitar intervalo mínimo de 1 mês entre elas.
- Em gestantes com vacinação incompleta, tendo recebido apenas duas doses de vacina com componente tetânico: uma dose de dTpa (entre as 20° e 36° semanas de gestação).
- Em gestantes com vacinação desconhecida: duas doses de dT e uma dose de dtpa, sendo que a dtpa deve ser aplicada nas 20° e 36° semanas de gestação.
- Adotar esquema 0, 2 e 4 meses ou 0, 2 e 6 meses.
- Hepatite B: três doses, no esquema 0 , 1 e 6 meses.
Vacinas recomendadas em situações especiais
Hepatite A: duas doses 0 e 6 meses. Indicada para pacientes com risco de exposição ao vírus.
Pneumocócicas: uma dose com Pneumocócica 13V com reforço da 23V após 6 meses. Indicado para gestantes de risco para doença pneumocócica invasiva.
Meningocócica ACWY: uma dose, considerando uso avaliando situação epidemiológica.
Meningocócica B: duas doses com intervalo de 60 dias. Considerar uso avaliando situação epidemiológica.
Vacinas contra-indicadas: febre-amarela, Tríplice Viral, HPV, Varicela e Dengue.
Adultos
- Tríplice Viral: É considerado protegido o indivíduo que tenha recebido 2 doses acima de 1 ano, e com intervalo mínimo de um mês entre elas. Se não tiver histórico de vacinação realizar duas doses da vacina.
- Hepatites A, B ou A e B conjugadas:
- Hepatite A: duas doses, no esquema 0 – 6 meses.
- Hepatite B: três doses, esquema 0 – 1 – 6 meses.
- Hepatite A e B: três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses.
- HPV: três doses – 2 – 6 meses. Duas vacinas estão disponíveis no Brasil: HPV4, licenciada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade, meninos e homens de 9 a 26 anos; e HPV2, licenciada para meninas e mulheres a partir dos 9 anos.
- Tríplice Bacteriana:
- Com esquema de vacinação básico completo: dose de reforço a cada 10 anos após a última dose.
- Com esquema de vacinação básico incompleto: uma dose de DTPA a qualquer momento e completar a vacinação com uma ou duas doses de dT (dupla adulto) de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico.
- Varicela: 2 doses com intervalo de 1 a 2 meses.
- Influenza: Dose única anual.
- Meningocócica ACWY: dose única.
- Meningocócica B: duas doses com intervalo de 60 dias.
- Febre-amarela: uma dose para residentes ou viajantes para áreas com recomendação de vacinação. Vacinar pelo menos 10 dias antes da viagem.
- Dengue: Três doses com intervalo de 6 meses entre as doses.
- Pneumocócicas: A vacinação entre 50 a 59 anos fica a critério médico.
- Herpes Zoster: Dose única. Licenciada a partir dos 50 anos.
Idoso
- Influenza: Dose única anual.
- Pneumocócicas 13 e 23 V: iniciar com uma dose de P13V seguida de uma dose de P23V , 6 e 12 meses depois, e uma segunda dose de P23V 5 anos depois da primeira.
- Tríplice Bacteriana:
- Com esquema de vacinação básico completo: dose de reforço a cada 10 anos após a última dose.
- Com esquema de vacinação básico incompleto: uma dose de DTPA a qualquer momento e completar a vacinação com uma ou duas doses de dT (dupla adulto) de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico.
- Hepatites A e B:
- Hepatite A: após avaliação sorológica ou em situações de exposição, ou surtos (duas doses, 0 e 6 meses).
- Hepatite B: três doses 0, 1 e 6 meses.
- Hepatite A e B conjugadas: quando recomendadas às duas vacinas (esquema 0, 1 e 6 meses).
- Febre-amarela: rotina para residentes em áreas endêmicas ou viajantes. Dose única.
- Meningocócicas: Surtos e viagens para áreas de risco.
- Herpes zoster: dose única.
- Tríplice Viral: Recomendada em situações de risco ou epidemia. Dose única.
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