Nem todo quadro de coceira, vermelhidão, diarreia ou dificuldade para respirar em crianças indica uma alergia comum. Em alguns casos, os sintomas alérgicos podem ser a ponta do iceberg de uma doença rara pediátrica, que exige atenção especializada e investigação aprofundada.
Dessa forma, saber reconhecer esses sinais é crucial para evitar diagnósticos tardios e garantir o tratamento adequado desde cedo. Neste artigo, vamos conhecer as principais doenças raras que se apresentam inicialmente com sintomas alérgicos e como diferenciá-las de quadros alérgicos mais frequentes. Acompanhe.
O que são sintomas alérgicos e por que merecem atenção?

Sintomas alérgicos são reações do sistema imunológico a substâncias normalmente inofensivas, como poeira, alimentos, pólen ou medicamentos. Em crianças, os sinais mais comuns incluem:
- Espirros, coriza e obstrução nasal (rinite);
- Coceiras, placas avermelhadas, eczema ou urticária;
- Dificuldade para respirar ou chiado (asma);
- Diarreia, dor abdominal e vômitos (alergias alimentares);
Esses sintomas costumam melhorar com mudanças ambientais, uso de anti-histamínicos ou tratamentos específicos. No entanto, quando os sintomas alérgicos se tornam persistentes, intensos ou associados a outros sinais, como infecções repetidas, atraso no crescimento ou lesões incomuns, é preciso considerar a hipótese de doenças raras.
Mastocitose cutânea: quando a pele fala por dentro
A mastocitose cutânea é uma doença rara que afeta o acúmulo de mastócitos, células envolvidas nas reações alérgicas. Em crianças, a forma mais comum se manifesta com lesões avermelhadas na pele que coçam e pioram com o calor, fricção ou estresse. Essas lesões podem liberar histamina de forma exagerada, provocando sintomas alérgicos intensos, como urticária, rubor facial e até queda de pressão. Embora seja uma condição benigna na maioria dos casos pediátricos, o acompanhamento especializado é essencial para evitar crises e entender os gatilhos individuais.
Síndrome de Wiskott-Aldrich: alergia, sangramentos e imunidade comprometida
A síndrome de Wiskott-Aldrich é uma imunodeficiência primária ligada ao cromossomo X, ou seja, atinge principalmente meninos. Os sintomas alérgicos aparecem cedo, muitas vezes na forma de eczema severo, semelhante à dermatite atópica. No entanto, o que diferencia essa condição é a presença simultânea de sangramentos frequentes (por plaquetas pequenas e disfuncionais), infecções recorrentes e baixa contagem de imunoglobulinas. Por isso, a associação desses fatores deve acender um alerta nos pais e médicos para investigar mais a fundo. O diagnóstico precoce pode fazer grande diferença no controle da doença.
Síndrome Hiper-IgE (Síndrome de Job): alergias fora do comum
A Síndrome Hiper-IgE, ou Síndrome de Job, é uma doença genética que tem como característica por níveis extremamente elevados da imunoglobulina E (IgE) no sangue. Isso leva a sintomas alérgicos severos e persistentes, como eczema crônico, abscessos cutâneos, otites de repetição e pneumonias graves.
Além das manifestações cutâneas, essas crianças podem apresentar alterações ósseas, dentárias e faciais. Como os sintomas alérgicos muitas vezes se sobrepõem a quadros comuns, o diagnóstico pode demorar. Por isso, é importante suspeitar da doença quando os sinais alérgicos se tornam exagerados, não respondem ao tratamento habitual ou vêm acompanhados de infecções constantes.
Imunodeficiências primárias: quando os sintomas alérgicos não vêm sozinhos
Algumas imunodeficiências primárias, como a imunodeficiência comum variável (ICV), a deficiência de IgA ou a Síndrome de DiGeorge, também se manifestam com sintomas alérgicos. Assim, a criança pode apresentar urticária, asma persistente, intolerâncias alimentares e eczema, que evoluem paralelamente a infecções repetidas (ou graves demais para a idade).
Quando um paciente apresenta sintomas alérgicos acompanhados de pneumonia, otite, sinusite ou infecções gastrointestinais frequentes,. Desse modo, o ideal é investigar o funcionamento do sistema imune por meio de exames laboratoriais e avaliação com imunologistas.
Doença celíaca: quando o glúten confunde o diagnóstico
A doença celíaca é uma condição autoimune em que o glúten causa inflamação intestinal crônica. Em crianças, os sinais mais precoces podem incluir diarreia, distensão abdominal, irritabilidade e até dermatite herpetiforme, um tipo de lesão cutânea que pode simular os sintomas.
Além disso, a reação ao glúten pode desencadear processos inflamatórios em vários sistemas, muitos quadros são confundidos com alergias alimentares. A confirmação do diagnóstico depende de exames específicos e da realização de biópsia intestinal em alguns casos.
Quando suspeitar de uma doença rara por trás dos sintomas alérgicos?

Nem todo eczema ou chiado indica uma alergia simples. Por isso, os sintomas alérgicos que merecem uma investigação mais detalhada incluem:
- Início muito precoce (primeiras semanas ou meses de vida)
- Resistência ao tratamento convencional
- Associação com infecções graves ou frequentes
- História familiar de doenças autoimunes ou imunodeficiências
- Sangramentos inexplicáveis ou alterações no crescimento
- Várias manifestações simultâneas (pele, intestino, pulmões)
Ao identificar esses padrões, o médico deve considerar a possibilidade de doenças raras e encaminhar o paciente a um centro especializado, como a Clínica Croce, referência em alergia, imunologia e doenças pediátricas complexas.

Sintomas alérgicos persistentes pedem atenção especializada
É natural associarmos coceiras, manchas ou crises respiratórias a alergias comuns. No entanto, em alguns casos, os sintomas alérgicos representam um alerta precoce para doenças raras, que exigem avaliação cuidadosa e acompanhamento multidisciplinar. O diagnóstico precoce muda o curso da doença, evita complicações e melhora significativamente a qualidade de vida da criança. Por isso, se os sintomas alérgicos forem intensos, recorrentes ou vierem acompanhados de outros sinais, procure uma equipe médica experiente em imunologia e doenças pediátricas raras.
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