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Doenças Reumáticas: entenda sobre este mal que atinge todas as idades

Reumatologia

Muitas pessoas convivem com o medo de desenvolver reumatismo, principalmente se há algum caso na família. No entanto, o que poucos sabem, é que existem aproximadamente 150 tipos diferentes de doenças reumáticas, patologias estas que geram inflamação, fortes dores e diminuem a qualidade de vida do indivíduo.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil existem mais de 15 milhões de pessoas que sofrem com reumatismo. Entre suas possíveis complicações, a perda de mobilidade e incapacidade física são as principais, entretanto, alguns tipos podem afetar músculos, articulações, tendões, ligamentos, ossos e até mesmo outros órgãos, como rins, coração, olhos, pulmão e mesmo a pele. Pensando em esclarecer esse assunto, trouxemos no artigo de hoje mais informações sobre as doenças reumáticas para que você possa entender melhor este mal que atinge pessoas em todas as idades. Acompanhe!

O que são doenças reumáticas

O conceito de reumatismo é abrangente, tratando-se de um grupo de enfermidades que afetam as articulações, músculos e esqueleto. As doenças reumáticas, ao contrário do que se pensa, podem atingir pessoas de todas as idades, desde crianças a idosos, entre homens e mulheres.

Algumas doenças se iniciam na infância, como é o caso da Doença de Kawasaki, vasculites, Lúpus Eritematoso e Artrite Reumatóide Juvenil, afetando crianças em idade escolar. Outras doenças podem afetar o indivíduo em uma larga faixa de idade, como é o caso da Espondilite Anquilosante e Artrite Reumatóide. Ainda existem doenças que acometem pessoas na terceira idade, como algumas miopatias e a osteoartrite.

De longa duração, as doenças reumáticas podem causar dores e dificuldades para o desenvolvimento de atividades diárias. Muitas pessoas que desenvolvem algum tipo de reumatismo podem apresentar ansiedade e depressão relacionados à demora na melhora de seus sintomas, assim como a dificuldade para trabalhar, se divertir e se relacionar.

Sinais e sintomas do desenvolvimento de doenças reumáticas

Além de fortes dores em músculos e articulações, considerados sintomas mais comuns, existem alguns sinais e sintomas que muitos nem mesmo imaginam que possam ter alguma relação com as doenças reumáticas. Entre eles, estão:

  • calor, inchaço e vermelhidão em articulações;
  • mãos inchadas;
  • dificuldade para movimentar-se;
  • rigidez em articulações ao acordar;
  • dores noturnas nas costas, presentes em pacientes jovens;
  • diminuição da flexibilidade da coluna;
  • limitações para tarefas simples, como pentear o cabelo e escovar os dentes;
  • fadiga muscular;
  • olhos avermelhados e secos;
  • sensibilidade à luz;
  • boca seca;
  • redução da sensação de tato;
  • extremidades do corpo mais sensíveis ao frio (pés, mãos, orelhas);
  • alterações na condição bucal, como gengivite, periodontite e ulceração oral.

Visto que alguns sintomas de doenças reumáticas são parecidos, é fundamental acompanhar o caso com um reumatologista para obter o diagnóstico e tratamento apropriado, identificando a doença e elaborando a melhor forma de tratá-la.

Principais doenças reumáticas

De acordo com o Ministério da Saúde, são mais de 150 tipos de doenças reumáticas. Mesmo que nenhuma delas seja transmissível,  geralmente a grande maioria é acompanhada de dor. A seguir, você vai conhecer melhor as principais, que mais acometem a população brasileira.

Arterite de Takayasu

A Arterite de Takayasu é uma vasculite (doença que causa inflamação de vasos sanguíneos) sem causa conhecida que afeta de maneira crônica, isso é, por período prolongado que pode durar anos, a maior artéria do corpo e seus ramos primários, a artéria aorta. 

Com o passar do tempo, a doença vai provocando a diminuição na abertura das artérias afetadas, fenômeno chamado de estenose, podendo resultar muitas vezes em seu fechamento completo causando uma oclusão. As pessoas acometidas pela Arterite de Takayasu podem ser de ambos os gêneros, predominando os casos em mulheres em até 90%. 

Iniciada geralmente entre 10 e 40 anos, e persistindo por vários anos, o diagnóstico pode acontecer muito tempo após seu início, devido à alterações mais características que se desenvolvem de forma lenta e gradual. Entre os sinais e sintomas da Arterite de Takayasu, estão:

  • cansaço sem esforços; 
  • perda de peso;
  • febre;
  • dores nas extremidades.

Artrite Idiopática Juvenil

Também denominada Artrite Reumatóide Juvenil, a doença é uma inflamação crônica que acomete articulações e outros órgãos, como olhos, pele e coração. Sua manifestação clínica principal é a artrite, caracterizada por dores, aumento de volume e temperatura, em uma ou mais articulações, e inicia-se caracteristicamente sempre antes dos 17 anos.  Pacientes com Artrite Idiopática Juvenil podem apresentar mínima dor ou ser inexistente. A incidência da doença ainda é desconhecida no Brasil, no entanto, dados provenientes de países da Europa e América do Norte indicam que cerca de 0,1 a 1 em cada mil crianças têm a Artrite.

Sua causa é desconhecida, mas sabe-se que fatores imunológicos, genéticos e infecciosos estão envolvidos. Além disso, estudos recentes mostram a presença de certa tendência familiar, e que fatores externos como estresse emocional, traumatismos articulares e infecções virais e bacterianas podem ser desencadeadores da doença.

Tipos de Artrite Idiopática Juvenil

A Artrite Idiopática Juvenil é dividida em 3 tipos comuns: pauciarticular (oligoarticular), poliarticular e sistêmica. A pauciarticular acomete até 4 articulações, sendo tornozelos e joelhos as mais frequentes. Nesse tipo da doença, as crianças deve realizar avaliações oftalmológicas com frequência uma vez que a úvea, região colorida dos olhos, pode estar inflamada sem que ocorra qualquer sinal visível. 

Já na poliarticular, são 5 ou mais articulações envolvidas, destacando joelhos, tornozelos, cotovelos, punhos e pequenas articulações de mãos e pés. A febre intermitente pode estar presente, e o fator reumatóide aparece em cerca de 10% dos pacientes no exame laboratorial.

Por fim, o tipo sistêmico apresenta caráter insidioso, caracterizando-se pela presença da artrite associada à febre alta em um ou dois picos diários, erupções na pele, inflamação da pleura, gânglios, e aumento de baço e fígado ao exame clínico.

Tratamento

Para tratar a Artrite Idiopática Juvenil, o paciente deve ter uma boa relação com o médico, uma vez que sua duração é prolongada. O tratamento deve ser individualizado e envolver educação sobre a doença, controlando inflamação e dor por meio do uso de medicamentos e prevenção de deformidades. 

A reabilitação é de extrema importância e, em alguns casos, o acompanhamento psicológico pode ser necessário. O início precoce do tratamento deve ser feito sempre que possível, visto que a demora pode resultar no comprometimento da cartilagem articular, acarretando em deformidades e limitações físicas que podem ser irreversíveis.

Cada um dos tipos da doença deve ter seu tratamento específico, com esquema terapêutico que pode variar de um paciente para outro de acordo com as manifestações clínicas. De início, são utilizados medicamentos antiinflamatórios não-hormonais, úteis para o alívio da dor. Estes remédios são usados diariamente, recomendando sua ingestão após refeições para evitar efeitos indesejáveis como vômito, náusea e dor epigástrica.

Outros medicamentos, chamados drogas de base, são acrescentados gradualmente em casos de inflamação persistente, ou seja, quando os antiinflamatórios não-hormonais não apresentam boa resposta.

Tratamentos como os utilizados para a Artrite Idiopática Juvenil podem controlar a doença até o final da adolescência. Contudo, alguns pacientes podem apresentar doença crônica em períodos de melhora e piora, que podem persistir por toda vida adulta.

Em casos como este, é preciso realizar uma lenta transição para reumatologistas de adultos. Apesar de ser responsabilidade dos pais ou responsáveis até os 18 anos, a importância do uso dos medicamentos deve estar clara para o paciente desde sua infância, sendo enfatizado na adolescência.

Aspectos emocionais do paciente

A Artrite por ser uma doença crônica gera impacto em diversas dimensões da vida da criança e seus familiares, sendo eles aspectos físicos, sociais, educacionais, econômicos e emocionais. 

Dessa forma, a dinâmica da família pode alterar-se de forma significativa. A troca de informações entre pacientes, familiares e reumatologista, além dos demais profissionais envolvidos como fisioterapeuta e psicólogo, é fundamental para que o impacto seja minimizado. 

Pais devem ficar atentos, uma vez que algumas modificações no comportamento da criança com Artrite podem ser observados, especialmente devido às dores e diminuição da capacidade física. 

Algumas crianças e adolescentes podem apresentar tristeza enquanto outras podem sentir raiva, com intensidades variadas. Este processo acaba dificultando o retorno da criança com Artrite para o desenvolvimento de uma vida normal. Crianças com a doença devem ser estimuladas a retornar o mais breve à sua vida social e escolar.

Conversas francas entre todos os integrantes da família são de grande ajuda e, em alguns casos, o acompanhamento por um especialista em saúde mental dos pacientes, pais ou ambos pode ser necessário. 

Em âmbito escolar, professores devem ser orientados sobre a criança que tenha a doença. Suas necessidades pessoais deverão ser avaliadas e respeitadas, visto que sua incapacidade física pode ter melhora lenta, atividades intelectuais e artísticas são aquelas que devem ser estimuladas e valorizadas. 

Espondiloartrites

As espondiloartrites correspondem a um grupo de doenças que apresentam manifestações como artrite, acometendo articulações sacroilíacas e de coluna vertebral, inflamação em tendões e ligamentos que se ligam ao osso, e resposta negativa para o fator reumatóide em exames de sangue. As doenças que fazem parte do grupo das espondiloartrites, são:

  • espondilite anquilosante;
  • espondiloartropatias indiferenciadas (pessoas que não desenvolvem a doença por completo);
  • artrite reativa (associada a doenças infecciosas);
  • artrite psoriásica (doença associada à psoríase);
  • artrite enteropática (associada à doença de Crohn, retocolite ulcerativa, doença de Whipple e outras).

Espondilite Anquilosante

Entre as doenças reumáticas que fazem parte das espondiloartrites, a Espondilite Anquilosante é o tipo de reumatismo que causa inflamação principalmente em coluna vertebral e articulações sacroilíacas, localizadas na região de nádegas. 

A doença se manifesta de forma mais frequente em homens, sendo 5 vezes mais do que em mulheres. Os pacientes costumam desenvolver os primeiros sintomas entre o final da adolescência e início da idade adulta (17 aos 35 anos), e filhos nascidos de pais portadores da espondilite apresentam maiores chances de desenvolver a doença no futuro.

Manifestações clínicas

Na Espondilite Anquilosante, as manifestações clínicas podem variar entre quadros de dores contínuas e significativas nas costas, principalmente na região da lombar, até uma manifestações mais graves de forma sistêmica, acometendo diversas articulações, olhos, coração, pulmões, medula, e rins.

As dores na coluna surtem de modo lento e insidioso e podem durar semanas. No início da doença, é comum dores nas nádegas que se espalham pela parte de trás de coxas e inferior da coluna. Observa-se frequentemente que a dor pode melhorar com exercícios e agravar com repouso, sendo pior principalmente em períodos da manhã.

Os pacientes que sofrem com a Espondilite Anquilosante passam a sentir-se cansados, com perda de apetite e apresentam também perda de peso. Em geral, a dor é associada a sensação de enrijecimento na coluna com consequente dificuldade na mobilidade. 

O paciente pode apresentar ainda dores na planta dos pés, principalmente ao se levantar da cama pela manhã. Posteriormente, podem sentir dores no peito que pioram com respiração profunda, resultado da inflamação de articulações entre as costelas e coluna vertebral. 

Tratamento

O tratamento da Espondilite têm avançado nos últimos anos. Inicia-se com a realização de antiinflamatórios e, em alguns casos, o uso de medicamentos biológicos especiais podem ser necessários, como infusões de medicamentos. Esses medicamentos são apropriadamente prescritos de acordo com o melhor tratamento para cada paciente. Além disso, a fisioterapia é fundamental para a prevenção de deformidades. 

Síndrome de Sjögren

Outra das principais doenças reumáticas que é também uma doença auto-imune, caracterizando-se pela manifestação da secura em olhos e boca, associadas à presença de auto-anticorpos ou sinais de inflamação glandular. 

Na Síndrome de Sjögren, algumas células brancas, os linfócitos, invadem vários órgãos e glândulas, principalmente as lacrimais e salivares, fator que produz um processo inflamatório que acaba prejudicando-os, impedindo seu funcionamento natural. A doença apresenta ainda outras manifestações clínicas, como:

  • secura na pele;
  • secura no nariz;
  • secura em região genital;
  • fadiga;
  • artrites;
  • dores em articulações.

A Síndrome de Sjögren pode ainda afetar outros órgão do paciente, como rins, pulmões, vasos, pâncreas, fígado e cérebro. Ocorrendo em pacientes de qualquer idade, é mais comum entre mulheres do que em homens.

Tratamento

O tratamento da Síndrome de Sjögren ainda não oferece cura para a doença, contudo, o diagnóstico precoce assim como suas intervenções, podem melhorar muito o prognóstico do indivíduo. 

O tipo certo de tratamento dependerá dos sintomas apresentados que podem variar, além de sua gravidade. Em casos em que o paciente apresente somente a secura em olhos e boca, substâncias podem ser utilizadas para a substituição de saliva e lágrimas, melhorando a qualidade de vida. Remédios antiinflamatórios, corticóides e imunossupressores podem ser usados quando o paciente apresentar outras manifestações mais graves, com o objetivo de evitar sequelas melhorando a inflamação.

Fibromialgia

Ainda que não apresente evidência de inflamação no local da dor, a Fibromialgia é uma das doenças reumáticas em que o indivíduo pode sentir fortes dores musculares generalizadas e crônicas, que duram mais de 3 meses até a vida toda.

Acompanhada de sintomas típicos como cansaço, sono não reparador e irritação, a Fibromialgia também pode apresentar distúrbios de humor, ansiedade e depressão, com muitos pacientes queixando-se de alterações na concentração e na memória.

Causa

As causas da Fibromialgia ainda não são totalmente esclarecidas, entretanto, a principal hipótese é que pacientes que desenvolvem a doença apresentam alteração da percepção da sensação da dor. Essa suposição é apoiada por estudos que visualizam o cérebro dos pacientes com Fibromialgia em funcionamento, também porque os mesmo apresentam outras evidências de sensibilidade no organismo, como em intestinos ou bexiga. 

Algumas pessoas podem desenvolver a doença após um gatilho, como dor localizada que não tenha sido bem tratada, trauma físico ou doença grave. A dor crônica começa a desenvolver então problemas de humor, sono alterado, problemas de concentração e outros.

A Fibromialgia é uma das doenças reumáticas mais comuns, afetando 2,5% da população mundial sem diferenciar nacionalidades ou condições socioeconômicas. Surgindo mais em mulheres do que homens, costuma aparecer entre os 30 e 50 anos de idade, embora exista em paciente mais jovens e velhos. 

Seu diagnóstico é realizado eminentemente clínico, com histórico, exame clínico e exames laboratoriais auxiliando a eliminar outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes.

A doença pode aparecer também em pacientes que apresentam outras doenças reumáticas, como Artrite reumatóide e Espondilite Anquilosante, e muitas vezes é responsável por dificultar a completa melhora dos pacientes.

Tratamento

O objetivo no tratamento da Fibromialgia é o alívio dos sintomas melhorando a qualidade de vida do paciente. Apesar de não causar deformidades ou sequelas em articulações e músculos, os pacientes podem apresentar má qualidade de vida caso não consigam aderir a um tratamento. 

A principal forma de tratar a doença não envolve medicamentos, ainda que as medicações tenham seu papel importante. O exercício físico é uma das terapias mais indicadas, sendo ele uma das formas de reverter a sensibilidade aumentada à dor.

Além disso, o paciente deve entender sobre a doença, principalmente para aprender a lidar com a dor crônica do dia a dia. O acompanhamento com profissionais como terapeutas e psicólogos também é indicado, visto que mudanças emocionais podem agravar as crises. 

As medicações utilizada para alívio da dor, melhora do sono e disposição do paciente são indicadas, permitindo a melhora no quadro. Algumas delas como a duloxetina e pregabalina agem na maior sensibilidade à dor, enquanto outros remédios como relaxantes, antidepressivos e analgésicos podem ser usados no alívio de sintomas diversos.

No conteúdo de hoje, você conferiu as principais doenças reumáticas que podem atingir pessoas em todas as idades. Para evitar prejuízos e o desenvolvimento de sequelas, procure um reumatologista assim que identificar alguns dos sintomas acima. O diagnóstico e acompanhamento precoce permitem a remissão das doenças e proporcionam qualidade de vida aos pacientes. 

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