O hiperparatiroidismo é uma condição ainda desconhecida por muitas pessoas que diz respeito à produção excessiva dos hormônios pela paratireoide. Com consequência, o nível de cálcio no sangue se eleva e pode causar alterações em diversos órgãos.
Para que você entenda um pouco mais sobre esta doença, quais são seus sintomas e como ela pode ser tratada, desenvolvemos a leitura a seguir com tudo o que você precisa saber a respeito do hiperparatiroidismo. Confira!
O que são glândulas paratireoides?
Para entender o hiperparatiroidismo precisamos primeiro conhecer as funções das paratireoides, glândulas que estão localizadas em nosso organismo nas extremidades da tireoide, na parte da frente do pescoço.
Do tamanho de uma ervilha, as glândulas geralmente são em número de quadro, em dois pares. Contudo, algumas pessoas podem apresentar seis ou até mesmo oito glândulas.
As paratireóides têm como função realizar o controle dos níveis de cálcio e fósforo no sangue, com a produção do hormônio paratireoideano, o paratormônio (PTH). Quando essas pequenas glândulas começam a produzir o PTH em excesso, o organismo apresenta quantidades de cálcio também em excesso e, consequentemente, o hiperparatiroidismo.
O que é hiperparatiroidismo?
O hiperparatiroidismo pode ser classificado como primário, secundário e terciário. O primário é caracterizado pelo funcionamento exagerado das glândulas paratireoides, causando o aumento da produção do paratormônio na circulação sanguínea.
Já o hiperparatiroidismo secundário é causado por alguma doença sistêmica, geralmente nos rins, que ativem o hiperfuncionamento dessas glândulas. O terciário, mais raro de todos, é quando as glândulas começam a aumentar sua produção por conta própria, e pode acontecer após o secundário.
Quando o aumento dos níveis de cálcio é pequeno, a doença é assintomática, ou seja, não apresenta sintomas significativos. No entanto, em grandes proporções, alguns sintomas como fraqueza, distúrbios ósseos, náusea, vômito, sede excessiva e grande volume de urina podem estar presentes.
Quando o oposto acontece e os níveis de cálcio no sangue diminuem por falta do PTH, a condição é chamada de hipoparatireoidismo, e os sintomas podem ser formigamento no rosto, mãos e pés, espasmos musculares, distúrbios psiquiátricos e também catarata.
O que é hiperparatiroidismo secundário?
O hiperparatiroidismo secundário é uma condição que se desenvolve devido a uma doença renal crônica, como uma forma de compensar o controle dos níveis do cálcio, fósforo e também vitamina D.
Quando seu controle não é realizado de forma adequada, o hiperparatiroidismo secundário está associado a consequências clínicas importantes como calcificação vascular, e um impacto negativo na sobrevida de uma pessoa que tenha uma doença renal crônica. Conhecer a patogênese da doença é importante para que o médico possa apresentar a terapêutica correta.
O que é hiperparatiroidismo terciário?
Tipo mais raro das formas de hiperparatiroidismo, a forma terciária se caracteriza quando as glândulas paratireoides passam a secretar PTH em excesso por si mesmas, e pode surgir após algum tempo do hiperparatiroidismo secundário. Quando identificado, este tipo deve ser prontamente tratado, visto que pode causar consequências graves como o enfraquecimento dos ossos e aumento do risco de fraturas.
Além disso, o excesso de cálcio no sangue pode levar a alterações no funcionamento de músculos, pedras nos rins, aumento da pressão arterial e outros problemas cardiovasculares. A cura para essa doença pode ser feita com a retirada da glândula. Entretanto, antes disso, tratamentos medicamentosos podem ser indicados para o controle dos sintomas.
Causas do hiperparatiroidismo primário
O excesso do PTH, causador do hiperparatiroidismo, é provocado pelo funcionamento excessivo das glândulas paratireoides, resultando em grandes quantidades de cálcio no sangue. De maneira geral, isso acontece com algumas causas específicas: o crescimento de um tumor benigno em uma ou mais glândulas paratireoides e o crescimento das glândulas em si, fenômeno que ganha o nome de hiperplasia. Raramente a causa é devido a um tumor maligno.
Causas do hiperparatiroidismo secundário
No hiperparatiroidismo secundário, o excesso do PTH acontece pela queda dos níveis de cálcio devido a uma condição subjacente, como deficiência severa de cálcio, em que há a dificuldade para a absorção do mineral.
Além disso, outras condições são a deficiência severa de vitamina D, responsável pela manutenção do cálcio no sangue e absorção na digestão, e insuficiência renal crônica. Visto que a única vitamina D que pode atuar no organismo é convertida pelos rins, quando ocorre a insuficiência, envolvendo a conversão da vitamina D, acontece a queda de cálcio no sangue.
Fatores de risco
Segundo informações do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, o hiperparatiroidismo primário é mais comum em pessoas do sexo feminino, acima dos 60 anos. Além disso, ela pode surgir mais facilmente quando algumas dessas condições estão presentes:
- Síndrome da neoplasia endócrina múltipla;
- Histórico de deficiência de cálcio e vitamina D;
- Exposição à radiação em tratamentos oncológicos;
- Uso prolongado de lítio, medicamento utilizado em quadros de transtorno bipolar.
Principais sintomas
Os sinais e sintomas do hiperparatiroidismo acontecem devido ao aumento de cálcio no sangue, assim como a extração biológica de cálcio dos ossos. Os sintomas que costumam estar presentes sempre que há níveis elevados de PTH no corpo, são:
- Fraqueza muscular;
- Dores abdominais;
- Náusea;
- Vômito;
- Perda de apetite;
- Fadiga;
- Emagrecimento;
- Irritação da pele;
- Constipação intestinal;
- Aumento do volume de urina;
- Sonolência;
- Dificuldades de concentração;
- Confusão mental;
- Depressão;
- Delírio;
- Dores ósseas;
- Úlceras duodenais;
- Pancreatite;
- Insuficiência renal;
- Atrofia muscular;
- Alterações visuais;
- Hipertensão arterial;
- Alterações cardiovasculares.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do hiperparatiroidismo pode ser difícil, visto que grande parte das pessoas que têm esse distúrbio podem ser assintomáticas. No entanto, ainda assim o hiperparatiroidismo causa o aumento de risco para doenças cardiovasculares e desenvolvimento de fraturas ósseas, como na osteoporose.
Seu diagnóstico envolve radiografia de mãos, ossos longos, coluna, arcada dentária e crânio para ajudar a detectar quaisquer alterações. Já as alterações renais, ,, devem ser avaliadas por meio de ultrassonografia.
A avaliação dos níveis de cálcio no sangue e elevação do hormônio das glândulas paratireoides e vitamina D também deve ser realizada. Outras condições podem causar a elevação de cálcio no sangue, entretanto, somente no hiperparatiroidismo o PTH também se eleva em conjunto.
Outros exames ainda podem ajudar no complemento e confirmação de um diagnóstico preciso, como exames de imagem como ultrassom, cintilografia, tomografia e ressonância magnética da região de pescoço (local em que ficam as glândulas paratireoides), e dosagens de marcadores do metabolismo ósseo.
Qual o tratamento para hiperparatiroidismo?
O tratamento adequado para o hiperparatiroidismo depende da sua gravidade. Em pacientes que apresentam o hiperparatiroidismo primário sem a presença de sintomas e sem indicação para cirurgia, o tratamento pode ser realizado de forma conservadora, garantindo que as concentrações de cálcio permaneçam baixas.
Os pacientes deverão se manter ativos, visto que o sedentarismo pode contribuir para a exacerbação do cálcio, seguir dieta pobre em cálcio, ingerir maiores quantidades de líquidos para minimizar a chance de problemas renais, e evitar medicamento que possam elevar a concentração de cálcio no plasma, como os diuréticos tiazídicos.
A concentração de cálcio no plasma e a função renal também devem ser monitoradas a cada seis meses, e a densidade óssea mineral deve ser avaliada a cada 12 meses. Contudo, doenças ósseas subclínicas, hipertensão arterial e longevidade são motivos preocupantes. Dessa forma, a osteoporose deve ser tratada com bifosfonatos.
Hiperparatiroidismo sintomático ou progressivo
Para pacientes que tenham hiperparatiroidismo sintomático, a cirurgia é indicada. A paratireoidectomia cirúrgica é um procedimento que aumenta a densidade óssea e pode apresentar efeitos modestos sobre alguns sintomas de qualidade de vida.
No entanto, a maioria dos pacientes não apresenta deterioração progressiva nas anormalidades ou densidade óssea. Além disso, permanecem as preocupações relativas à hipertensão e também a longevidade.
Essa cirurgia consiste na remoção das glândulas. Dessa forma, a concentração do hormônio produzido pela paratireoide pode ser dosada antes e após a remoção das glândulas alteradas, por meio de testes rápidos.
Ao constatar queda de 50% ou mais na dosagem realizada 10 minutos após a remoção, indica que o tratamento cirúrgico foi bem-sucedido. Para pessoas que apresentam alterações em mais de uma glândula, ocorre a remoção de várias glândulas e uma porção de aspecto normal, que costuma ser reimplantada ao músculo do esternocleidomastoideo ou na região subcutânea do antebraço.
Assim, é possível fazer a criopreservação do tecido da glândula paratireoide normal, que ocasionalmente realiza um transplante autólogo posteriormente, caso ocorra o hipoparatireoidismo persistente.
Para casos em que o hiperparatiroidismo é leve, as concentrações plasmáticas de cálcio costumam diminuir entre 24 horas a 48 horas após a cirurgia. Essa concentração deve ser monitorada.
Em pessoas que apresentam osteíte fibrosa cística grave, a diminuição sintomática e prolongada do cálcio pode acontecer após o procedimento cirúrgico a menos que seja administrado entre 10g a 20g da substância nos dias anteriores à cirurgia. Mesmo com a administração dessas doses de cálcio no período anterior à operação, grandes doses de cálcio e vitamina D podem ser necessárias enquanto se repõe o cálcio ósseo.
Hiperparatiroidismo secundário
As pessoas com hiperparatiroidismo secundário costumam apresentar insuficiência renal. As medidas usadas para o tratamento também podem ser utilizadas para a prevenção da doença. O objetivo é evitar a hiperfosfatemia, doença caracterizada pela concentração plasmática de fosfato que pode levar a doença renal crônica, acidose metabólica, acidose respiratória e hipoparatireoidismo.
Esse tratamento associa a restrição do fosfato alimentar aos agentes ligadores de fosfato, como o carbonato de cálcio. Apesar do uso dos ligadores de fosfato, é preciso realizar a restrição alimentar do fosfato.
Compostos que contém alumínio foram utilizados para limitar as concentrações da substância, no entanto, seu uso deve ser evitado, especialmente em pessoas em tratamentos de longo prazo com diálise.
Isso evita o acúmulo no osso que pode resultar em osteomalácia grave, doença caracterizada por ossos frágeis e quebradiços devido a defeitos na mineralização da matriz óssea, causada pela deficiência de vitamina D.
Para casos de insuficiência renal, a administração da vitamina D é potencialmente arriscada, visto que pode aumentar a absorção do fosfato e contribuir para altos níveis de cálcio no sangue.
Sua administração requer monitoramento frequente de níveis de cálcio e fosfato na corrente sanguínea. Por isso, esse tratamento deve se limitar a pacientes portadores de osteomalácia sintomática, hiperparatiroidismo secundário e hipocalcemia pós-paratireoidectomia.
Ainda que o calcitriol oral seja administrado juntamente com o cálcio oral para suprimir o hiperparatiroidismo secundário, os resultados podem variar em pessoas com insuficiência renal em estado terminal.
A forma parenteral de calcitriol, ou análogos de vitamina D, como paricalcitol, podem ser melhores opções para preservar o hiperparatiroidismo secundário nessas pessoas, em razão das concentrações plasmáticas mais elevadas obtidas com a exclusão direta da liberação de PTH.
A osteomalácia simples pode responder ao calcitriol com doses mínimas, ao passo que a correção dos baixos níveis de cálcio após a cirurgia de retirada das glândulas paratireoides podem requerer a administração prolongada de doses maiores.
Calcimiméticos são responsáveis por modular o ponto de definição do receptor sensível ao cálcio em células paratireoides e diminuir a concentração do hormônio PTH em pacientes em diálise sem o aumento do cálcio no sangue.
Em pessoas com osteomalácia causada pelo consumo de grandes quantidades de ligadores de fosfato que contenham alumínio, a remoção do alumínio com deferoxamina é necessária antes da administração do calcitriol para melhorar as lesões ósseas.
Entretanto, todos os tratamentos apresentados devem ser realizados somente após diagnóstico do hiperparatiroidismo, com indicação de um especialista, após avaliação da melhor conduta para cada caso.
Principais dúvidas sobre o hiperparatiroidismo
Após conferir o que é o hiperparatiroidismo, suas manifestações no organismo, complicações e formas de tratamento, é o momento de conhecer as principais dúvidas sobre esta doença. Acompanhe as mais comuns entre pessoas que sofrem, ou não, com esta condição.
É possível prevenir a doença?
O hiperparatiroidismo é uma doença que não apresenta formas de prevenção. No entanto, existem maneiras que podem diminuir seus efeitos por meio de exames regulares dos níveis de cálcio. Isso pode ser feito em familiares de primeiro grau a partir da puberdade, possibilitando o diagnóstico e tratamento precocemente.
O hiperparatiroidismo engorda?
Não, pelo contrário. Por seus sintomas, a pessoa portadora de hiperparatiroidismo costuma ter perda de peso devido à falta de apetite, náuseas, vômito e possível depressão, também causada pela doença.
Qual a relação entre o hiperparatiroidismo e a vitamina D?
Sabemos que no hiperparatiroidismo secundário não há a presença de tumores, mas sim o aumento de células nas glândulas paratireoides (hiperplasia). Por isso, a principal causa deste tipo de hiperparatiroidismo observada em consultórios médicos é a deficiência de vitamina D.
O resultado da falta desta vitamina, assim como a de cálcio e fósforo, leva a osteomalácia, quadro clínico similar à osteoporose. Quando ocorre o restabelecimento de níveis de vitamina D, os níveis de PTH se normalizam no hiperparatiroidismo associada a essa falta.
Qual a relação do hiperparatiroidismo e insuficiência renal?
A insuficiência renal crônica é a síndrome que se caracteriza pela incapacidade dos rins de realizarem a função de excreção e regulação, devido à perda de néfrons em algum período da vida.
Com a perda da função excretora, o corpo começa a retenção de ureia, creatinina, fósforo e outras substâncias que devem ser eliminadas do organismo por função glomerular. O hiperparatiroidismo secundário renal é manifestado clinicamente na forma da desmineralização dos ossos, levando a alterações na homeostase (estabilidade) do cálcio no decorrer da insuficiência renal crônica.
O desequilíbrio do metabolismo do fósforo e cálcio é causado como consequência da gradativa perda de capacidade funcional dos rins, promovendo estímulos das glândulas paratireoides e aumentando a secreção do PTH como tentativa de realizar a manutenção da homeostase do cálcio.
Quais as principais complicações do hiperparatiroidismo?
Além dos sinais e sintomas que podem provocar alterações no bem-estar e qualidade de vida da pessoa, o hiperparatiroidismo pode levar a sérias complicações da saúde, entre elas podemos citar a osteoporose, cálculos renais, insuficiência renal, doenças cardiovasculares, diabetes, acidose, úlceras, pancreatite, hipertensão, problemas na córnea.
Na leitura de hoje você pôde conhecer melhor o hiperparatiroidismo que muitas vezes pode passar despercebida pela falta de sintomas. Contudo, quando se manifesta, pode degradar a saúde do indivíduo gravemente. Por isso, mantenha sempre suas consultas e exames em dia com um endocrinologista ou outro médico especialista que possa identificar alterações causadas por esta doença.
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