Você sabe o que são doenças autoimunes? Essas condições causam o mau funcionamento do sistema imunológico, em que o organismo ataca por engano células e tecidos saudáveis. De modo geral, são doenças crônicas, não transmissíveis e podem ser controladas com o tratamento adequado. A seguir, veja o que são doenças autoimunes, quais as mais comuns e como são tratadas.
Afinal, o que são doenças autoimunes?
As doenças autoimunes são patologias distintas que têm como origem a produção de anticorpos contra componentes do próprio organismo. Desse modo, por motivos nem sempre conhecidos, o corpo começa a confundir suas proteínas com agentes invasores, atacando-as.
De acordo com o Núcleo de Estudos de Doenças Auto-Imunes, as doenças autoimunes atingem três vezes mais mulheres do que homens. Por isso, entender o que são doenças autoimunes é muito importante, principalmente para a população feminina, visto que as patologistas estão entre as 10 principais causas de morte em mulheres de até 65 anos.
5 sinais e sintomas de doenças autoimunes
As doenças autoimunes afetam diversos tecidos do organismo, como vasos sanguíneos, articulações e pele, atingindo também órgãos como pulmões, rins, coração e cérebro. Assim, existem sintomas particulares para cada uma das doenças. Contudo, ainda que alguns possam se assemelhar a outras doenças, é importante manter-se atento, além de conhecer o que são doenças autoimunes, também saber identificar seus sinais e sintomas. Confira os 5 principais.
Inflamação
A inflamação é o primeiro sintoma que sugere uma doença autoimune. Geralmente, as inflamações decorrem dessas patologias quando são acompanhadas por dores, fraqueza, deformidades articulares e dificuldade respiratória.
Dor abdominal
Ainda que seja um sintoma amplo, a dor abdominal também pode indicar doenças autoimunes, como a Doença de Crohn, quando acompanhada de cólicas fortes e mesmo a presença de sangue.
Dor em articulações
Um sintoma muito presente em doenças autoimunes é a dor em articulações. De modo geral, a inflamação em articulações ocorre de modo gradual, atingindo ambos os lados do corpo. Esse sintoma está presente em doenças como a artrite reumatoide e espondilite anquilosante.
Dificuldade de equilíbrio e coordenação
Algumas doenças, como a esclerose múltipla, podem afetar o equilíbrio e coordenação do indivíduo, desencadeando sintomas como tremor, vertigem, instabilidade ao caminhar e debilidade.
Vermelhidão na pele
A vermelhidão na pele também pode estar presente em doenças autoimunes, como é o caso do Lúpus Eritematoso Sistêmico e da psoríase pustulosa, provocando vermelhidão em regiões características de acordo com a patologia.
Tipos de doenças autoimunes
Agora que você sabe o que são doenças autoimunes, é o momento de conhecer as principais. Existem mais de 80 tipos diferentes dessas patologias e o tratamento varia de acordo com seu tipo e com o quadro apresentado pelo paciente. Confira a seguir, as principais, que mais acometem a população.
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos – tais como pele, articulações, rins, cérebro e outros –, causando sintomas como fadiga, febre e dor nas articulações.
Estima-se que existam no Brasil cerca de 65 mil pessoas com Lúpus, sendo que a condição acomete mais as mulheres – acredita-se que uma em cada 1.700 mulheres tenha a doença.
A patologia manifesta-se quando o sistema imunológico ataca e destrói alguns tecidos saudáveis do corpo. Pesquisas indicam que ela seja resultado de uma combinação de fatores, como hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais.
A doença pode ser dividida em lúpus discoide, lúpus sistêmico, lúpus induzido por drogas e lúpus neonatal. Os sintomas podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. A doença não tem cura e o tratamento aplicado controla os sintomas e melhoram a qualidade de vida do paciente, porém, não o eliminam por completo.
Cabe salientar que essa condição apresenta índice de óbitos de 5% nos primeiros cinco anos de manifestação. Isso ocorre em virtude de complicações decorrentes de processos infecciosos.
Os tratamentos podem incluir o uso de anti-inflamatórios, protetor solar, corticoide tópico para pequenas lesões cutâneas, além das revolucionárias infusões de medicamentos. Essa chamada terapia imunobiológica reproduz os efeitos de substâncias desenvolvidas pelo sistema imunológico, apresentando ação direta no processo inflamatório trazido pela doença.
Essa alternativa, sobretudo em casos de moderados a graves, tem apresentado excelentes resultados, até mesmo inibindo a evolução do lúpus e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Vitiligo
O vitiligo é uma doença cutânea que causa a perda gradativa da pigmentação da pele, podendo gerar o surgimento de manchas em todo o corpo. A patologia pode afetar pessoas de todos os tipos de pele, mas costuma ser mais perceptível em indivíduos com pele mais escura. Estima-se que essa condição impacte 1% da população mundial.
É importante saber que essa não é uma doença contagiosa e que ela não representa risco para a vida de quem a possui, mas pode afetar seriamente a autoestima do paciente. Ela ocorre quando as células formadoras de melanina morrem ou deixam de produzir o pigmento que garante a cor da pele, do cabelo e dos olhos.
O tratamento varia de acordo com o quadro clínico de cada paciente e costuma controlar e desacelerar a doença, mas a sua eficácia depende do organismo de cada um.
Diabetes tipo 1
A diabetes tipo 1 é caracterizada pelo excesso de glicose no sangue, condição que leva a uma série de complicações no organismo. Esse tipo apresenta menor incidência do que o tipo 2. De fato, há estimativas de que somente em torno de 10% de todos os casos de diabetes sejam do tipo 1.
A doença tende a se manifestar nos períodos de infância e de adolescência e consiste na destruição feita pelo próprio organismo das unidades de defesa do corpo responsáveis pela produção de insulina. Seus fatores de risco abrangem genética e histórico familiar, além da ocorrência de infecções na infância.
A diabetes tipo 1 pode causar lesões e placas nos vasos sanguíneos, que comprometem a oxigenação dos órgãos e elevam o risco de infartos e AVCs, falência renal, neuropatia periférica, entre outras complicações.
Os sintomas característicos da doença incluem sede constante, boca seca, vontade de urinar a toda hora, perda de peso, formigamento em pernas e pés, feridas que demoram a cicatrizar e fungos nas unhas.
O diagnóstico é geralmente dado a partir de um exame de sangue que mede a glicemia e, se o resultado dá igual ou acima de 126 mg/dl duas vezes seguidas, a pessoa é considerada diabética.
Por sua vez, o tratamento envolve a reposição desse hormônio, o qual tem a função de abrir as portas das células para a entrada da glicose, que será convertida em energia. Ainda, a adoção de um estilo de vida mais saudável, que inclua a prática de exercícios físicos, o abandono ao fumo (quando possível) e uma alimentação mais rica em alimentos integrais também deve fazer parte do processo.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo e afeta o cérebro, os nervos ópticos e a medula espinhal. Isso acontece porque o sistema imunológico do corpo confunde células saudáveis com intrusas e as ataca provocando lesões.
Os danos causam interferência na comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e outras áreas do sistema nervoso central. Pessoas com casos graves de esclerose múltipla podem até mesmo perder a capacidade de andar e falar.
As causas definitivas são desconhecidas, mas há dados que sugerem que a genética, o ambiente em que a pessoa vive e até mesmo um vírus ou o tabagismo podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença.
Desse modo, diferentemente do que muita gente pensa, essa não é uma condição estritamente relacionada ao processo de envelhecimento. De fato, estima-se que 70% dos diagnósticos dessa doença são feitos em indivíduos entre 20 e 40 anos.
Parentes de pessoas com esclerose múltipla têm maior risco de desenvolver a doença e o irmão de um portador apresenta um risco de 2% a 5% maior.
Vale destacar que nos estágios iniciais da doença os sintomas são bastante espaçados. Os sintomas mais comuns da condição é visão turva, fadiga, formigamentos, perda de força, falta de equilíbrio, espasmos musculares, dores crônicas, depressão, entre outros.
O tratamento geralmente se concentra em manejar as crises, controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença. Hoje, no Brasil, já existem diversas opções de tratamento que abrangem desde a administração de cápsula oral diária até as injeções diárias, semanais e mensais. Ainda, costuma fazer parte do tratamento fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, entre outras ações multidisciplinares.
Doença de Graves
A doença de Graves é outra patologia autoimune que merece atenção. Ela gera uma anomalia no funcionamento da glândula tireoide, sendo a única forma de hipertireoidismo que apresenta como sintoma irritação nos olhos e pálpebras, além das manifestações mais convencionais. Essa condição pode ser diagnosticada a partir do aumento de volume da tireoide e pelo excesso de hormônios produzidos pela glândula no sangue.
Outro ponto importante é que, conforme dados, entre 60 e 80% dos casos de hipertireoidismo são causados pela Doença de Graves, a qual foi descrita pela primeira vez em 1825, na Inglaterra, e, posteriormente, em 1835, por Robert Graves, na Irlanda – daí a origem de sua denominação.
A patologia pode se manifestar em sua forma convencional e em um tipo bastante específico, que afeta a visão. Nesse último caso, gera uma alteração na órbita do olho e isso provoca uma disfunção na tireoide.
Entretanto, na maioria dos casos, a doença surge com o hipertireoidismo sendo caracterizado pelo deslocamento do globo ocular para a frente. Quanto ao seu tratamento, ele pode abranger a administração de fármacos, a realização de terapias com iodo radioativo ou a cirurgia da tireoide. Com o tratamento adequado, essa patologia pode entrar em remissão.
Doença de Crohn
A doença de Crohn é uma patologia inflamatória que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado e intestino grosso, mas que também pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. Ela é considerada crônica e provavelmente provocada por desregulação do sistema imunológico.
A doença habitualmente causa diarreia, cólica abdominal, febre e sangramento retal, além de provocar a perda de peso e de apetite. O tratamento terapêutico é direcionado a reprimir o processo inflamatório desregulado, no entanto, não cura a doença crônica. Esse tratamento já pode ser feito a partir de infusões medicinais reduzindo sinais e sintomas e induzindo e mantendo a remissão do quadro.
Tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto, também conhecida como tireoidite linfocítica crônica, é tida como a principal causa de bócio e hipotireoidismo adquirido no Brasil. Sua principal característica é a inflamação da tireoide causada por um erro do sistema imunológico.
Com essa doença, o organismo acaba fabricando anticorpos contra as células da tireoide, os quais destroem ou reduzem a atividade da glândula, o que pode levar ao hipertireoidismo. Essa condição acomete sobretudo o público feminino, apresentando frequência até oito vezes maior nas mulheres.
Os sintomas típicos são cansaço, depressão, pele seca, prisão de ventre, diminuição do apetite, entre outros. Já o tratamento quase sempre é longo e exige a dosagem do nível dos hormônios algumas vezes por ano. Ainda, uma intervenção cirúrgica pode ser recomendada em casos mais específicos.
Síndrome de Sjögren
Também conhecida como exocrinopatia autoimune, trata-se de uma doença reumática autoimune comum, cujo alvo equivocado do sistema imunológico são as glândulas responsáveis pela produção de lágrimas e saliva.
Há estimativas de que essa condição atinja aproximadamente 2% da população mundial. Entre seus sintomas característicos, estão secura excessiva dos olhos, da boca e de outras membranas mucosas.
Ela pode se manifestar em pessoas de qualquer faixa etária, entretanto, em torno de 90% dos casos ocorrem no público feminino de meia-idade. Seu tratamento costuma incluir estratégicas para aliviar a secura, administração de fármacos, medidas de proteção aos olhos, aumento na ingestão de líquidos, entre outras ações.
Como é o tratamento de doenças autoimunes?
Esse processo patológico atinge em torno de 2% da população e esse número tende a crescer, visto que a incidência dessa condição tem aumentado na contemporaneidade.
Fatores como a influência hormonal e aqueles ambientais, como a exposição por longo período a produtos químicos, têm sido estudados por especialistas da área para buscar uma razão que explique mais precisamente tal fenômeno.
O tratamento para essas doenças varia conforme o caso e sua gravidade. No entanto, ele pode envolver corticoterapia, imunossupressores, antibióticos, vacinas, infusão de imunoglobulina intravenosa a fim de repor anticorpos quando o organismo não os produz de modo adequado, suplementação de vitamina D, mudanças de hábitos, entre outras ações.
É importante ressaltar que esse tipo de condição é crônica, isso é, não pode ser curada, portanto, o tratamento envolve o controle de seus sintomas a fim de proporcionar mais bem-estar e qualidade de vida ao paciente.
Um estudo divulgado na revista Science Signaling apresentou o fato de o público feminino possivelmente estar mais suscetível a desenvolver essas doenças por elas estarem relacionadas a um receptor de estrogênio localizado em células de defesa do organismo.
Esse componente atua intensificando a ação do estrogênio que estimula o sistema imunológico a atacar o próprio organismo. A partir de estudos como esse, torna-se possível desenvolver tratamentos para doenças autoimunes com base na inibição do receptor de estrogênio em células de defesa do organismo.
Desse modo, cientistas do mundo todo estão sempre em busca do desenvolvimento de opções de tratamento para esse tipo de condição. Novos remédios biológicos e intervenção genética estão entre as alternativas que já estão sendo testadas atualmente a fim de proverem uma abordagem cada vez mais individualizada para lidar com o problema.
Ainda, busca-se aperfeiçoar os métodos e as ferramentas de diagnóstico, a fim de detectar mais precocemente quadros potenciais desse tipo de enfermidade e, quem sabe, alcançar remissões no longo prazo ou mesmo permanentes e a cura de doenças autoimunes.
A chamada imunogenética também pode ser uma solução importante para o futuro. Por meio dela, seria possível fazer a manipulação dos genes a fim de se desenvolver sistemas de defesa mais eficazes e digerir os problemas causados pelas doenças autoimunes.
Quando procurar um médico?
Como vimos, ao saber o que são doenças autoimunes e seus sinais e sintomas, é possível perceber quando algo não está certo no organismo. Por isso, a recomendação é que ao apresentar um mesmo problema diversas vezes, deve-se procurar um profissional da área da imunologia.
De toda forma, é preciso estar alerta a sintomas como infecções recorrentes, abscessos, doenças gerais causadas por fungos, vírus e bactérias; reações alérgicas; pneumonias e resfriados recorrentes; otites constantes; estomatite de repetição ou monilíase; infecção sistêmica grave; diarreia crônica ou infecção intestinal de repetição; asma grave; efeito adverso ao BCG; um quadro clínico associado à imunodeficiência e um histórico familiar de imunodeficiência.
Como os sintomas são variados, nesse tipo de caso, é comum que os pacientes nem sempre saibam bem com qual médico se consultar. Nessas situações, é indicado procurar um clínico geral para que ele indique qual médico deve ser requisitado. No entanto, se você possui algum problema com seu sistema imunológico ou histórico familiar, então pode ser proativo e buscar diretamente o apoio de um imunologista, que será o médico mais indicado para tratar desse tipo de patologia.
É importante lembrar de que cada organismo é único e, por isso, reações e sintomas diferentes podem aparecer variando de uma pessoa para outra. Por isso, não hesite em procurar um profissional qualificado para se consultar em caso de qualquer anormalidade com a sua saúde.
Imunologia na Clínica Croce
Na Clínica Croce, contamos com um corpo médico que contempla especialistas de diversas áreas, incluindo a imunologia. A clínica é uma das mais conceituadas do país e disponibiliza imunologistas com ampla experiência e prontos para fornecerem o atendimento qualificado e humanizado que o paciente precisa na área clínica, ambulatorial e cirúrgica.
A clínica conta com estrutura, equipamentos e metodologias modernas para dar o suporte necessário à área de imunologia. O corpo clínico da Croce está preparado para prestar atendimento qualificado e especializado, por meio de exames, testes, consultas, diagnósticos e encaminhamento de tratamentos diversos.
Agora que você sabe o que são doenças autoimunes, conheça também a importância dos exames de rotina!