A obesidade é uma doença multifatorial que afeta mais de 60% dos brasileiros. Seu tratamento contribui para a prevenção de outras patologias, e inclui mudanças de hábitos e o controle das causas. Em alguns casos, quando o tratamento clínico não apresenta efeitos, considera-se a cirurgia bariátrica.
Esse tratamento cirúrgico se popularizou nos últimos anos. Contudo, como qualquer outra terapia, exige acompanhamento e cuidados para seu sucesso. Neste texto, você vai entender um pouco mais sobre a cirurgia bariátrica, sua indicação e saber se é possível não ter mais obesidade após o procedimento. Confira!
O que é cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica, gastroplastia, ou cirurgia de redução de estômago, é um procedimento que altera o sistema digestivo e tem como principal finalidade a perda de peso e melhora da saúde e qualidade de vida. Atualmente, a cirurgia apresenta diferentes técnicas. Conheça as mais comuns.
Bypass gástrico
Técnica bariátrica mais comum no Brasil, o Bypass gástrico corresponde a 75% das cirurgias para redução de peso. O processo envolve o grampeamento de uma parte do estômago, visando diminuir o espaço reservado para alimentos. Além disso, é feito um desvio intestinal, aumentando a sensação de saciedade do indivíduo.
Gastrectomia vertical
A gastrectomia vertical, ou sleeve, é a técnica que transforma o estômago em um tubo ao remover 80% do tecido original do órgão, reduzindo sua capacidade para receber alimentos. A técnica é restritiva e metabólica, sendo responsável por induzir a perda de peso e melhor regulação da absorção dos nutrientes.
Balão gástrico
O balão gástrico consiste na introdução deste equipamento no estômago do paciente para reduzir o espaço interno do órgão, diminuindo assim a ingestão alimentar. O procedimento pode ser feito por meio de endoscopia, de forma rápida e segura. Após implantado, deve ser retirado entre 6 a 12 meses.
Quando é indicada?
Indica-se a cirurgia bariátrica para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima dos 40kg/m2 ou superior a 35kg/m2 com comorbidades. Contudo, o procedimento só é considerado quando o indivíduo não consegue perder peso por meio de outras alternativas. A bariátrica popularizou-se nos últimos anos, ganhando destaque no tratamento da obesidade. No entanto, muitas pessoas realizaram a cirurgia e voltaram a ganhar peso. Isso ocorre quando indica-se a bariátrica sem a avaliação adequada. Afinal, é importante considerar as condições do paciente e suporte necessário pré e pós-operatório.
Se eu fizer a bariátrica, não terei mais obesidade?
Não. Apesar de ser o padrão ouro para tratar a obesidade mórbida, a recidiva de peso pode ocorrer, especialmente em pessoas que não realizam controle psicológico, metabólico e nutricional. Um estudo feito no Centro de Tratamento Médico e Obesidade do Hospital Samaritano, em João Pessoa, envolveu 121 pacientes entre 18 e 65 anos, submetidos à bariátrica. Mais de 90% voltou a ganhar peso após a cirurgia. Além disso, 16% apresentaram transtorno de compulsão alimentar leve, e 6% de forma grave.
Como evitar o ganho de peso novamente?
Visto que a cirurgia não evita que o indivíduo volte para a obesidade, é importante que, antes e após o procedimento, o paciente tenha acompanhamento psicológico e nutricional. Afinal, é fundamental associar o tratamento cirúrgico a uma abordagem clínica que envolva os passos a seguir.
Acompanhamento médico regular
As visitas ao endocrinologista devem continuar após a bariátrica, de modo a garantir o monitoramento de mudanças na saúde, avaliando e adaptando mudanças conforme a perda de peso. Assim, o médico pode acompanhar níveis de nutrientes e da composição corporal, sugerindo ajustes na sua dieta, se necessário.
Educação alimentar
Seja com a bariátrica ou sem, a educação alimentar é essencial para garantir a ingestão de alimentos saudáveis e equilibrados. Assim, o indivíduo pode perder peso de forma correta, sem causar déficits de nutrientes, vitaminas e substâncias importantes para o funcionamento do organismo.
Exercício físico
As atividades físicas regulares contribuem para melhorar a rotina, ajudando na perda de calorias e melhora do bem-estar e qualidade de vida. Por isso, junto à bariátrica, o paciente deve manter uma rotina de exercícios consistente, melhorando a composição corporal ao diminuir gordura e aumentar a massa magra.
Apoio psicológico
A cirurgia bariátrica pode causar transtornos alimentares em muitos casos. Ao desencadear questões emocionais relacionadas à alimentação e imagem do corpo, o indivíduo pode desenvolver problemas psicológicos mais sérios, além de voltar a ganhar peso. Esses motivos tornam o acompanhamento psicológico indispensável antes e após a realização do procedimento.
Alimentação consciente
Outra forma de evitar o reganho de peso é praticar a atenção plena durante as refeições, evitando alimentar-se enquanto assiste programas, conversa ou acessa redes sociais. Após a cirurgia, ao saborear os alimentos durante as refeições, é mais fácil entender os sinais de saciedade, seja por redução da gordura no hipotálamo ou liberação de grandes quantidades de hormônios intestinais na circulação sanguínea.
Evite alimentos multiprocessados e açucarados
Para manter uma alimentação equilibrada, é importante priorizar a ingestão de alimentos naturais e integrais, especialmente fibras e vegetais. Além disso, evitar produtos ricos em calorias vazias, principalmente bebidas calóricas. Isso porque, os líquidos passam facilmente ao intestino, são absorvidos de forma rápida, e não trazem saciedade, comprometendo ainda o consumo das calorias diárias.
Paciência e persistência
Após um período intenso de perda de peso, é normal que o indivíduo estacione no mesmo número na balança, ou mesmo ganhe alguns quilos. No entanto, isso não é motivo para desânimo. O importante é reajustar os passos acima junto ao médico, reavaliando a alimentação e atividades.
A cirurgia bariátrica é uma importante alternativa para o tratamento da obesidade mórbida quando outras terapias não apresentam resultados. Contudo, é preciso entender que o procedimento deve estar associado a mudanças no estilo de vida do paciente, evitando o reganho de peso, problemas nutricionais, metabólicos e psicológicos.
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