A dermatite atópica é uma doença cuja característica principal é a pele seca com coceira constante. Mas ao coçar, você pode acabar se ferindo.
Só que, por falta de informação, há quem acredite que possa se infectar ao encostar em pessoas acometidas por doenças de pele, como a dermatite atópica.
A dermatite atópica é uma alergia não contagiosa que já foi tema de campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB). A doença, que tem tratamento, pode ser controlada.
Continue a leitura e saiba como tratar a dermatite atópica. Conheça formas eficazes de lidar com a doença!
O que é dermatite atópica?
A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma doença de pele inflamatória crônica e hereditária que se manifesta com lesões avermelhadas e coceiras. Às vezes, descamam.
Essa é uma doença comum em famílias que têm membros com asma ou rinite alérgica.
A causa exata da dermatite atópica é desconhecida, mas vale reforçar que não se trata de uma doença contagiosa.
Fatores ambientais, como substâncias alergênicas, produtos de limpeza, frio intenso, excesso de calor, roupas com tecidos de lã ou sintéticos, além de estresse emocional, podem desencadear ou agravar os sintomas.
A doença pode afetar pessoas de todas as idades, mas os sintomas tendem a diminuir com a idade. No entanto, há casos em que a pele continua seca e sensível.
Os sintomas variam de acordo com a fase da doença e podem ser classificados em três estágios: fase infantil, fase pré-puberal e fase adulta.
Em crianças pequenas, a dermatite atópica costuma aparecer na região do rosto. Nas crianças maiores e adultos, ela é vista com mais frequência nas dobras dos joelhos e cotovelos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a dermatite atópica é um problema crônico que atinge 7% da população adulta de 25% das crianças do nosso país.
É importante que seja feito um acompanhamento médico regular para garantir os tratamentos adequados e controlar os sintomas da dermatite atópica.
A dermatite atópica é uma doença que acompanha a pessoa por toda a vida, mas isso não a impede de ter uma rotina de qualidade. É possível controlar a doença através de medidas simples e medicamentos.
Mas a escassez de conhecimento sobre essa enfermidade acaba gerando preconceito. De modo geral, a população acha que, por se tratar de uma doença de pele, ela seja contagiosa.
Quando a família e o paciente não sabem que há tratamento ou que se trata de uma doença, acabam deixando de cuidar da dermatite atópica.
Se você acha que essa doença impacta a vida social dos adultos, imagine a dos pequenos. As crianças acabam sendo afastadas de atividades em grupo, impedidas de brincar com as demais tanto na escola quanto na rua.
Quais fatores podem piorar a dermatite atópica?
Há alguns fatores capazes de causar crises e piorar os sintomas da dermatite atópica. São eles:
Banhos quentes
Os banhos quentes podem agravar os sintomas da dermatite atópica, já que a água quente remove a camada lipídica protetora da pele, aumentando ainda mais o ressecamento da derme.
É importante evitar banhos quentes e, em vez disso, optar por banhos mornos ou com água fria, o que ajudará a preservar a hidratação da pele.
Produtos irritantes
O uso de determinados produtos, como perfumes, maquiagens, tintas, entre outros, pode agravar a dermatite atópica. Isso ocorre porque eles agem como fatores irritantes para a pele.
É fundamental escolher cuidadosamente os produtos usados na pele e evitar aqueles que possam causar irritação.
Roupas sintéticas
As roupas sintéticas dificultam a transpiração da pele, por isso tendem a acumular suor e bactérias, causando irritação e coceira.
Já as roupas de algodão são mais macias e permitem a respiração da pele, aliviando a inflamação. Além disso, é importante evitar tecidos apertados, pois eles podem agravar a pele já sensível de quem tem dermatite atópica.
Condições climáticas severas
O clima muito quente faz com que o excesso de suor fique acumulado na pele, causando crises de dermatite atópica.
Tome cuidado também com o clima seco e o ar-condicionado. Ambos têm potencial para agravar os sintomas da dermatite atópica, aumentando o ressecamento da pele.
Sendo assim, é importante mantê-la hidratada e evitar exposições prolongadas a esses ambientes secos.
Privação do sol
A exposição solar deve ser realizada com a aplicação de filtro solar adequado, para evitar agressões à pele e possíveis complicações.
É importante lembrar que a exposição excessiva ao sol também pode piorar a dermatite atópica.
Estresse psicológico
O estresse psicológico pode piorar a dermatite atópica, uma vez que ele pode influenciar e causar mais coceiras.
É comum que os pais relatem piora da dermatite em crianças antes de provas. Situações estressantes como a separação dos pais ou a perda de um familiar também podem impactar e provocar crises de dermatite atópica.
A hidratação da pele é a base do tratamento da dermatite atópica
A inflamação da pele é uma das principais consequências da dermatite atópica. Ela acontece porque sua barreira superficial fica comprometida.
Esse comprometimento faz com que ocorra perda de água, então a pele acaba ficando mais ressecada e exposta a invasores como bactérias, fungos e vírus. Por sua vez, eles causam infecções, lesões e coceira.
A higiene é muito importante, mas a recuperação da barreira de proteção através de hidratação adequada é fundamental para aliviar os sintomas da dermatite atópica.
Para que a hidratação seja eficaz, o produto hidratante deve conter óleos vegetais, ceramidas, ingredientes calmantes e regeneradores de pele.
A escolha de um hidratante pode parecer simples, mas cada tipo de pele requer um tipo de cuidado diferente e cada hidratante tem uma composição e ações únicas.
Tanto cremes quanto loções personalizadas podem ser formulados com ativos adequados e concentrações específicas para cada paciente e fase da dermatite.
É importante escolher cremes livres de fragrâncias, parabenos e óleos minerais, pois esses ingredientes podem irritar a pele. É melhor optar por bases vegetais feitas com ceras e óleos de origem vegetal.
Durante a consulta, o seu médico pode indicar o melhor tipo de hidratante:
Hidratantes oclusivos
Os hidratantes oclusivos são aqueles que criam uma camada protetora na superfície da pele, evitando a perda de água e mantendo a hidratação.
Esses hidratantes são formulados com ingredientes oleosos, o que também contribui para a maciez e suavidade da pele.
Hidratantes umectantes
Já os hidratantes que funcionam por umectação possuem propriedades que retêm a umidade do ar. Eles são solúveis em água e têm formulações mais leves, sendo os ideais para peles oleosas e com acne.
Após o banho, você deve secar o corpo com leves batidas de uma toalha, sem esfregar. Logo em seguida, vem a aplicação o hidratante.
Caso o seu médico indique o uso de um creme com corticoides, aplique-o imediatamente após o banho e depois de uma hora, passe o hidratante para evitar a diluição e manter a eficácia.
Outras maneiras de aliviar a coceira da dermatite atópica
Algumas medidas podem ser tomadas para aliviar a coceira, mas é importante procurar um especialista em alergias e seguir o tratamento indicado.
Conheça algumas sugestões para reduzir a desconfortável sensação de coceira na dermatite atópica:
Faça uma hidratação gelada
É bem fácil!
Guarde seu frasco de hidratante na geladeira para uma aplicação refrescante e aliviante para a coceira da dermatite atópica
O efeito da hidratação fria é mais eficaz na redução do prurido do que quando aplicado à temperatura ambiente.
Mas não esqueça: fale antes com seu médico e veja se é possível para o seu caso de dermatite atópica.
Use uma faixa ou atadura
Para evitar lesões na pele causadas pela coceira, é aconselhável utilizar algum tipo de barreira, como uma faixa ou atadura. Elas ajudam a manter a hidratação ao serem aplicadas juntamente com água e hidratante.
Faça uma compressa
Tente aplicar uma pressão suave sobre a área irritada para aliviar a coceira em vez de coçar.
Outra dica é aplicar gelo ou água fria para ajudar a reduzir o incômodo da coceira.
Mudanças bruscas de temperatura
Mudanças bruscas de temperatura podem danificar a barreira de proteção da pele e deixá-la mais suscetível a perda de umidade e irritações.
Isso pode levar ao ressecamento, descamação e até mesmo ao surgimento de condições de pele como a dermatite atópica.
Use um umidificador
Quando o ar estiver mais seco, ligue o umidificador.
Usar um umidificador ajuda a pele porque ele aumenta a umidade no ar, o que pode prevenir a desidratação da pele.
A pele seca é mais propensa a rachaduras e irritações, mas a umidade adequada colabora para mantê-la macia e hidratada.
Além disso, a umidade pode também ajudar a aliviar sintomas de condições de pele, como dermatite ou eczema.
Apare as unhas
As suas e as de seu filho.
Unhas curtas causam menos ferimentos caso o ato de coçar seja involuntário ou incontrolável.
Evite situações de estresse
O estresse pode desencadear ou agravar os sintomas de dermatite atópica, incluindo vermelhidão, coceira e descamação da pele.
Quando isso ocorre, significa que o estresse afeta o sistema imunológico e desencadeia uma resposta inflamatória na pele.
Além disso, o estresse também pode agravar outros fatores de risco para a dermatite atópica, como a pele seca.
Sendo assim, é importante evitar situações de estresse para ajudar a controlar os sintomas de dermatite atópica e melhorar a saúde da pele.
Limpeza
Ter um ambiente domiciliar limpo e bem ventilado, principalmente o quarto, sem objetos como tapetes e brinquedos de pelúcia, pode ajudar a prevenir que os ácaros agravem a situação da dermatite atópica.
Além disso, é importante evitar o contato com elementos que possam irritar a pele, como sabão, detergente e cloro. É recomendável usar produtos hipoalergênicos.
Banhos curtos e com água morna
É importante evitar banhos quentes, longos e com o uso excessivo de sabonete. Além disso, tome cuidado com o uso de esponjas durante o banho.
Isto pode piorar o quadro da dermatite, já que a água quente, o excesso de sabonete e a esfregação podem retirar ainda mais o filme hidrolipídico de proteção da pele.
Em vez disso, opte por banhos mais frios, que ajudam a aliviar a coceira e preservam a barreira de proteção da pele.
Os banhos com água fria têm várias vantagens para a pele. A água fria pode aliviar a coceira e a inflamação na pele, especialmente em casos de dermatite atópica.
Outra vantagem é a estimulação da circulação sanguínea, ajudando a oxigenar e nutrir as células da pele.
Vale destacar ainda que eles reduzem o excesso de oleosidade da pele, prevenindo o surgimento de espinhas e cravos.
Manter o tratamento em dia
Os cremes hidratantes são importantes para manter a pele protegida e evitar o surgimento de lesões e feridas.
Por isso, é importante sempre seguir as orientações médicas e manter o tratamento em dia para garantir o controle dos sintomas da dermatite atópica.
Nos casos mais graves da doença, o médico pode receitar medicações orais.
Vale destacar ainda que os ferimentos provocados por coçar a pele podem ser contaminados por bactérias ou vírus.
Caso isso ocorra, eles devem ser tratados pelo médico, que pode optar pelo uso de antibióticos. Há ainda os casos que necessitam de internação hospitalar para controle adequado.
Alguns pacientes, que apresentam problemas como asma, rinite, sinusite e até pneumonias, precisam de acompanhamento por diferentes especialistas.
Com os avanços constantes da tecnologia, as pesquisas médicas estão trazendo novos tratamentos para melhorar o controle da doença.
Independentemente do nível de gravidade da dermatite atópica, somente o médico pode indicar o medicamento e o tratamento complementar mais adequado.
Esse profissional considera diversos aspectos para apontar a dosagem correta e a duração do tratamento.
Para que os resultados sejam promissores, é fundamental seguir rigorosamente as orientações e não se automedicar.
Também não se deve interromper o uso do medicamento prescrito sem consultar o médico, muito menos mudar a dosagem por algo diferente do que foi recomendado.
Os sinais de alerta para procurar um alergista
“É apenas uma coceira que vai e volta”. Quem nunca ouviu ou disse isso?
A falta de conhecimento sobre doenças de pele, como a dermatite atópica, faz com que seja baixa a busca por soluções imediatas aos sintomas.
Isso contribui para a subutilização do tratamento por um médico alergista, mesmo com aproximadamente 20% da população brasileira sofrendo com algum tipo de alergia.
A busca por tratamento adequado com um alergista é especialmente baixa entre aqueles que utilizam o sistema público de saúde.
Em muitos casos, as pessoas buscam tratamento para os sintomas, como manchas na pele, com um dermatologista, ou problemas respiratórios com um otorrino, em vez de buscar uma solução definitiva para a doença subjacente.
No caso do alergista, ele pode realizar um diagnóstico mais preciso e completo para ajudar a solucionar o problema de forma mais eficaz.
Mas quando você deve procurar um alergista? Aqui estão os principais sinais:
Nariz escorrendo e espirros constantes
A secreção nasal transparente acompanhada de espirros frequentes, coceira no nariz e obstrução nasal são sinais comuns de alergias.
Em algumas situações, o acúmulo de líquido no peito pode causar incômodo até na região da garganta.
Este tipo de alergia é frequente durante as mudanças de estação, como primavera e outono, devido à variação de temperatura e umidade do ar.
No entanto, você não precisa normalizar e conviver com esses sintomas incômodos. Um diagnóstico adequado realizado por um especialista pode oferecer uma solução e melhor qualidade de vida.
Vômito e diarreia
As alergias alimentares podem causar diversos sintomas e acabam sendo difíceis de serem detectadas.
Vômito e diarreia são sinais comuns deste tipo de doença, que pode surgir a qualquer momento da vida e ser desencadeada por diferentes causas, até mesmo por alimentos que antes eram consumidos sem problemas.
Para identificar os alimentos responsáveis pela alergia, é necessário realizar um teste com um alergista ou gastroenterologista.
É importante lembrar que, apesar das alergias alimentares serem únicas e terem causas variadas para cada pessoa, alguns alimentos têm uma maior probabilidade de causar alergias, como leite, ovos, glúten e frutos-do-mar.
Falta de ar e sibilância
A sibilância é um som agudo e prolongado que lembra um assobio. Ela ocorre durante a respiração, especialmente na expiração.
Esse pode ser um sintoma de doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica, entre outras, e pode estar associado a outros sintomas, como falta de ar, tosse e obstrução nasal.
Em alguns casos, pode ser causada por infecções virais ou bacterianas, mas é importante consultar um médico para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
Junto com a falta de ar, a sibilância pode ser sintoma de asma, uma doença crônica que se caracteriza por inflamação e obstrução das vias respiratórias.
As crises asmáticas podem ser desencadeadas por uma variedade de fatores, incluindo contato com pó, ácaros, fumaça de cigarro, pelos de animais, entre outros.
Bolsa debaixo dos olhos ou olheiras
Bolsas debaixo dos olhos ou olheiras são frequentemente ignoradas como sintomas de alergia.
São associadas ao cansaço, tão comum na atualidade por causa das rotinas sobrecarregadas.
No entanto, elas podem ser um indicador de alergia, geralmente acompanhadas de olhos vermelhos, irritados e lacrimejantes.
Alérgenos como pólen, poeira, alguns colírios ou lentes de contato podem causar esse tipo de sintoma.
Coceira na pele
A coceira na pele pode ser um sinal de várias doenças, incluindo alergias
A dermatite atópica, que é a doença sobre a qual estamos falando ao longo deste artigo, é uma inflamação da pele que geralmente resulta de uma predisposição genética e é causada por uma produção excessiva de anticorpos.
Esses anticorpos levam a uma reação exagerada da pele quando entra em contato com substâncias alergênicas. Nesses casos, as lesões podem aparecer em todo o corpo, não necessariamente nas áreas que entraram em contato com a substância alergênica.
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